A revolution in perspective: an analysis of “Cuba en Revolución: miradas en torno a su sesenta aniversario”
Doutor em Estudos sobre a Integração da América Latina (PROLAM/USP). Professor do curso de Ciências Sociais e do Programa de
Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Membro do Laboratório Interdisciplinar de Estudos sobre América Latina (LIAL/UFGD). e-mail: marcossilva@ufgd.edu.br. ORCID iD: 0000-0003-1196-2814
Bacharel em Direito e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGANT) pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Foi membro do Laboratório Interdisciplinar de Estudos sobre a América Latina (LIAL). e-mail: gabriel_drocha@hotmail. com ORCID iD: 0000-0002-7641-9997
Recebido em: 16/04/2020 Aceito em: 27/04/2020
POLÍTICA & TRABALHO. Revista de Ciências Sociais, nº 51 Julho/Dezembro de 2019, p. 199-205
A Revolução Cubana é, sem dúvida, um dos acontecimentos mais emblemáticos da América Latina contemporânea e a celebração, em 2019, de seu sexagésimo aniversário foi marcada por diver- sas comemorações e eventos em Cuba e ao redor do planeta, demonstrando sua importância e trans- cendência e, principalmente, por inúmeros debates, reflexões e análises que procuraram discutir o signi- ficado, a dinâmica e os desafios atuais que caracte- rizam este processo.
Salazar, L. S. (coord.) (2019). Cuba em Revolución: miradas en torno a su sesenta aniversario. Buenos Aires: CLACSO. Disponível em: http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/ se/20191017033409/Cuba_en_revolucion.pdf
Apesar disto e do significado histórico da Revo- lução Cubana para toda a região, tal discussão não teve uma repercussão adequada e aprofundada no cenário brasileiro, que continua determinado, em grande medida, por uma perspectiva eurocên- trica das ciências que conduz a um desconheci- mento persistente da América Latina e dos laços que nos unem a tal região –o que Francisco de
Oliveira (2006) denominou de “fronteiras invisíveis”, mais sutis, profundas e eficazes que as fronteiras oficiais– e que tem sido acentuado, recentemente, pelos efeitos de uma conjuntura política polarizada e por uma onda conservadora que dificulta o debate (e a divulgação) de questões, temas e perspectivas latino-americanas e emancipatórias.
De toda forma, nos debates e reflexões que ocorreram ao redor do planeta pode-se constatar o intuito de aprofundar diversos elementos do pro- cesso revolucionário cubano considerando, dentre outros, dois aspectos fundamentais. Por um lado, procuraram compreender.
Uma revolução em perspectiva: uma análise de “Cuba en Revolución: miradas en torno a su sesenta aniversario” a natureza e o desenvolvimento de tal processo, incorporando elementos históricos que nos permitem observar os impactos, as contradi- ções e os limites dessa onda revolucionária nas mais diversas dimensões da sociedade cubana contemporânea (arte, política, economia, demogra- fia, cultura, educação etc.). Por outro lado, procu- raram discutir a realidade contemporânea da ilha caribenha e, principalmente, a situação atual do socialismo cubano, buscando compreender e ana- lisar suas especificidades, suas transformações e, principalmente, suas condições e desafíos atuais num cenário internacional dominado pelo capita- lismo financeiro, pelo consumismo excessivo, pelo hiperindividualismo e pela ampliação da desigual- dade em escala global, bem como pela dificuldade de construção e afirmação de projetos alternativos viáveis, atraentes e de caráter global.
Por sua amplitude mundial, tal debate, embora tenha considerado diversas perspectivas, nem sem- pre, por inúmeras razões, envolveu a presença de visões e vozes de intelectuais da ilha caribenha, difi- cultando o desenvolvimento de visão multifacetada e aprofundada de temáticas que o envolviam. Neste sentido, esta obra preenche uma lacuna importante pois foi coordenada por Luis Suárez Salazar, um dos mais importantes intelectuais cubanos contemporâ- neos, e reúne trabalhos de autores cubanos e lati- no-americanos que conhecem profundamente a ilha e sua realidade atual e, principalmente, estão com- prometidos na superação dos problemas e desafíos que cercam a continuidade de tal processo, pois como afirma o organizador:
De lo dicho se desprende que en las páginas de este volumen los lectores encontrarán diversas
facetas escasamente conocidas o poco divulga- das de los logros, insuficiencias y dilemas eco- nómicos, sociales y políticos internos y externos que desde 1959 hasta la actualidad ha tenido, tiene y seguramente tendrá que enfrentar en el futuro previsible la que prefiero llamar “transi- ción socialista cubana”, así como su sexagenaria y generalmente fructífera “proyección externa”, incluidos aquellos que, como se vio en el índice, se relacionan con la multifacética política exterior desplegada por los sucesivos Gobiernos revolu- cionarios cubanos presididos por Osvaldo Dorti- cós Torrado, Fidel y Raúl Castro, al igual que con la “dinámica generacional” que, desde 1959 hasta hoy, ha caracterizado a la sociedad civil y política de la Mayor de las Antillas (Salazar, 2019: 13).
Além disto, a obra foi publicada pelo Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso), que procura impulsionar e difundir o pensamento crí- tico latino-americano, inaugurando a série editorial “Fóruns”, que pretende publicar debates e reflexões derivadas de seus eventos, sendo este livro resul- tado de diversas mesas organizadas na sua oitava Conferência e no Primeiro Fórum Mundial do Pen- samento Crítico, ocorrida em Buenos Aires, no final de 2018.
Da leitura da obra é possível apontar que as reflexões podem ser agrupadas em três eixos fun- damentais (temas, processos e conjunturas nacio- nais, política externa e projeção internacional e, finalmente, fontes e lideranças políticas e intelec- tuais) que são introduzidos pela reflexão inicial de Gerardo Hernandez Nordelo, herói cubano que esteve detido nos EUA, resgatando alguns dos tra- ços fundamentais da história da Revolução Cubana e, principalmente, discutindo as mudanças atuais que ocorrem na ilha caribenha.
O primeiro eixo se refere ao debate sobre as con- dições políticas, econômicas e sociais que caracteri- zam o socialismo cubano, analisando sua realidade interna, sua especificidade e os desafios atuais que cercam a continuidade e o aprofundamento desse processo.
Neste sentido, se destacam os trabalhos de Georgina Alfonso González, “La democracia en Cuba: algunos retos de la actualización del modelo socialista”, que procura discutir como o país tem procurado desenvolver, em contraposição à visão hegemônica de democracia representativa e proce- dimental, um modelo de democracia participativa,
popular e protagônica, que procura impulsionar os valores coletivos e solidários, em detrimento do hiperindividualismo contemporâneo, apresentando, desta forma, os pilares fundamentais do sistema político cubano contemporâneo relacionados à diversidade e à pluralidade dos atores políticos e sociais do país. Neste sentido, aponta para a emer- gência e o empoderamento de um sujeito popular, múltiplo e plural, em que a ampliação da partici- pação e dos espaços decisórios será fundamental pois: “El modelo social y económico cubano socia- lista no podrá ser actualizado sin la participación y el Poder Popular. Diversas formas de gestión apa- recen en este espacio, y pensar en alternativas de desarrollo local desde formas productivas comuni- tarias cooperadas es una posibilidad real” (Salazar, 2019: 34).
Em seguida, se pode destacar o trabalho de José Luis Rodríguez Garcia, “Notas sobre la eco- nomia cubana y latino-americana: sessenta años después del triunfo de la Revolución”, que apresenta uma análise instigante sobre o desenvolvimento da economia cubana, considerando os indicadores econômicos e sociais mais relevantes no periodo recente, e, a partir disto, desenvolve uma análise comparativa com os demais países latino-ameri- canos (considerando indicadores como desenvol- vimento, PIB, comércio exterior, políticas públicas e gastos sociais, dentre outros), demonstrando as similaridades e as diferenças entre estas e que, no caso cubano, é possível constatar que a ênfase na dimensão social (gastos e políticas sociais univer- sais) se constitui no traço distintivo cubano em rela- ção à região, mesmo em momentos de crise.
A partir disto, o autor aponta que qualquer balanço da economia cubana contemporânea deve levar em consideração, além da perspectiva com- parativa com o contexto latino-americano, uma abordagem mais complexa e multidimensional da noção de desenvolvimento incorporando elementos geopolíticos, dentre outros, pois:
Por un lado, contrasta la interpretación eco- nómica y social del desarrollo asumida por los revolucionarios cubanos frente a la concepción determinista y estrecha de que el desarrollo social debe estar condicionado por el crecimiento económico: visión que, de una u otra forma, ha estado presente en la forma que han evolucio- nado la mayoría de los países de la región. [...] La realidad es que Cuba ni ha explotado ni ha
agredido a nadie en toda su história revolucio- naria. En cambio, sí ha ayudado solidariamente a otros pueblos más necesitados, compartiendo no lo que le sobra, sino lo que tiene, a partir del esfuerzo y el sacrificio de sus hijos (Salazar, 2019: 75-76).
A esses artigos podem ser incorporados o tra- balho de Ramón Pichs Madruga “La transición socialista cubana: una mirada a sus dimensiones científicas y socioambientales”, que discute a relação entre ciência, meio ambiente e desenvolvimento no país, destacando a implementação de um desenvol- vimento sustentável, tanto social como ambiental, e as ações e adaptações do país à mudança climática global, demonstrando como tal temática foi incorpo- rada à agenda política e econômica do país. Por fim, embora esteja na parte final do livro, pode-se incluir o trabalho de Maria Isabel Domínguez, “Las dinâmi- cas generacionales en Cuba: el lugar y el papel de las juventudes”, que discute a dinâmica populacional da ilha, discutindo o processo de envelhecimento da população do país, acentuado pela onda migratória recente, e a transição geracional, demonstrando a necessidade de desenvolvimento de políticas públi- cas consistentes e do empoderamento da juventude cubana, como um elemento importante para a conti- nuidade do processo revolucionário.
Um segundo eixo de abordagem refere-se à projeção internacional e à política externa cubana, discutindo os fundamentos, a atuação e os laços internacionais da Revolução Cubana, principal- mente em relação à América Latina e sua adapta- ção ao novo contexto regional e internacional.
Neste sentido, destaca-se o trabalho de Isabel Allende Karam, rectora do Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), intitulado “La polí- tica exterior de la Revolución cubana: una mirada a su universalidad y sus diferentes dimensiones”, que realiza um balanço da política externa cubana revolucionária, discutindo os princípios e priori- dades que orientaram tal política, sua condução unificada em defesa da soberania e autodetermi- nação, as percepções equivocadas sobre esta, destacando o caráter terceiro-mundista e latino-a- mericano como traço fundamental, permanente e distintivo de tal política, orientada pela liderança de Fidel Castro.
A partir disto, discute os desafios atuais, inter- nos e internacionais, que cercam a continuidade e o aprofundamento de tal política, apontando que:
En esa dificilísima situación, muchos auguraron la desaparición de la Revolución cubana. En el plano interno la divisa esencial fue preservar la independencia y la soberanía de Cuba y proteger al máximo las principales conquistas de la Revo- lución y el socialismo. No obstante, los principios de la política exterior cubana se mantuvieron inalterables, pero a los esfuerzos internos habría que unir nuevas tácticas en el escenario inter- nacional. [...] Mantener y consolidar su papel de vanguardia en la arena internacional; diversificar sus relaciones exteriores, buscar nuevas vías en el plano económico y nuevos socios comerciales. En resumen, afianzar su presencia y activismo en el mundo fueron objetivos prioritarios para la política exterior cubana (Salazar, 2019: 123-124).
Em seguida, se destaca o texto de coordenador da obra, Luis Suárez Salazar, “La proyección externa de la Revolución Cubana en América Latina y el Caribe: una aproximación en su sesenta aniversario”, coordenador da obra, que aponta que um conjunto de fatos ou acontecimentos (a vitória da guerrilha, a primeira lei de reforma agrária, a campanha de alfabetização, a vitória da invasão da Bahia dos Por- cos, a afirmação do caráter socialista da revolução, dentre outras) indicam uma pluralidade de datas que podem indicar vários momentos emblemáticos relacionados a múltiplos sessenta anos.
Além disto, procura discutir a projeção interna- cional da revolução cubana, como uma categoria analítica que permite compreender diversas dimen- sões da atuação internacional da política revolucio- nária, e analisar, a partir disto, as raízes e os laços que unem tal processo à América Latina (Nuestra América) (retomando Martí e Bolívar, dentre outros) e como tais laços foram reforçados por políticas baseadas na solidariedade e integração e se con- solidam com o contexto regional recente e o pro- cesso de atualização do modelo cubano. A partir disto, conclui que:
Asimismo, se reiteraron los conceptos acerca de la indisoluble articulación de todas esas luchas con la unidad y la integración económica y polí- tica de ese continente que, como hemos visto a lo largo de este escrito, siempre han estado presen- tes en el ideario y en la praxis de la proyección externa de la Revolución Cubana en América Latina y el Caribe (Salazar, 2019: 170).
A estes trabalhos, podemos inserir os textos de Marco Antonio Guandásegui (hijo) “El impacto de
la Revolución cubana sobre América Latina: ‘Solo sabemos que lo imposible es posible’”, que analisa o impacto dessa na América Latina, discutindo as condições de sua emergência, compartilhadas por toda a América Latina, e que nos permitem com- preender, em seus anos iniciais, o seu impacto impressionante na região, bem como sua vigência atual, derivada do desejo de libertação nacional (ou regional) e da constituição de sociedades baseadas na solidariedade e justiça social.
Por fim, o artigo do argentino Julio Gambina deno- minado “Consideraciones sobre la experiencia de la Revolución cubana: una mirada desde el Sur”, que discute a relevância da experiência cubana, para se compreender as potencialidades e os limites dos processos de transformação social e, a partir disto, repensa os debates sobre a transição e o socialismo neste novo século, fundamentando-se em Mariáte- gui, para a mudança social diante do contexto atual e das especificidades latino-americanas.
Finalmente, é possível identificar um terceiro eixo, relacionado à influência e ao legado das prin- cipais referências intelectuais (Jose Martí) ou lide- ranças políticas e intelectuais de tal processo (Che Guevara e Fidel Castro), pois como indica uma das autoras:
De manera singular, han pasado a la historia de su accionar dos de sus figuras más emble- máticas: Fidel Castro Ruz y Ernesto Che Gue- vara. El primero, por ser su líder indiscutible, y el segundo, por su integralidad y lealtad al proyecto de liberación nacional y social asumido por los revolucionarios cubanos (Salazar, 2019: 257).
O primeiro trabalho deste eixo é o Pedro Pablo Rodríguez intitulado “Martí y la revolución del pen- samiento: hacia una nueva cultura”, que discute a originalidade e o alcance do pensamento martiano, sua condição latino-americana em contraposição à mentalidade colonial e eurocêntrica, e seu papel como fonte fundamental do processo revolucionário e de inspiração e desenvolvimento de uma política cultural de caráter emancipatório e apropriada à Cuba e à Nuestra América.
Em seguida, emerge o artigo de Maria del Car- mem Ariet García, diretora do Centro de Estudos Che Guevara, “Del pensamento y actuar del Che: validez y trascendencia” que analisa a presença e a atuação do Che na construção do socialismo cubano, discute sua importancia nas diferentes eta- pas do processo revolucionário cubano, e aponta
sua concepção inovadora do marxismo, como um sistema integral e crítico de transformação social, em que se destacam a moral e a consciência social (junto à solidariedade e ao exemplo) como um ele- mento fundamental para tal processo.
A partir disto, a autora aponta que, vislumbrando os erros e equívocos do socialismo soviético, Che Guevara destacava a importância da consciência e do compromisso social, e indicava que:
Ante la evidencia de esas manifestaciones nega- tivas y la puesta en práctica de un modelo en retroceso, surgió en el Che la pregunta de lo que se debe hacer para impedirlo y sobre de qué manera actuar ante una traslación mecánica impuesta desde el modelo soviético entonces imperante. Las alternativas planteadas por él se sustentaron no solo en un pensamiento cohe- rente, sino en la necesidad de la apropiación de una verdadera participación de todos, apoyados en una dirección que los involucre en el trabajo y en la vida cotidiana y que los eduque dando el ejemplo, y nunca por medio de decretos impositi- vos (Salazar, 2019: 272).
Por fim, destaca-se o texto da pesquisadora mexicana Josefina Morales, “Pensamiento y legado de una imensidad histórica: Presentación de Yo soy Fidel” que, discutindo o livro de John Saxe-Fernán- dez (Yo soy Fidel: pensamento y legado de una imensidad histórica), apresenta e analisa os diver- sos depoimentos dos intelectuais que contribuíram para a obra, demonstrando a relevância e a vigência do pensamento de Fidel Castro para o desenvolvi- mento da Revolução Cubana.
Diante disto, pode-se apontar que a obra oferece uma reflexão instigante e atualizada sobre a reali- dade contemporânea de Cuba e os desafios que perpassam a continuidade ou o aprofundamento do seu processo revolucionário. Além disto, por estar fundamentada em análises, informações, dados e estatísticas atualizadas contribui para um conheci- mento mais objetivo dessa realidade e, em tempos de desinformação ou manipulação de dados, tam- bém propicia ao leitor a aprendizagem de um tra- tamento objetivo e cuidadoso com as informações disponíveis.
Desta forma, possibilita um balanço multidimen- sional do processo revolucionário cubano, indicando seus avanços, limites e desafios atuais, e contribui para uma compreensão histórica de tal processo e
uma análise comparativa, principalmente em rela- ção à América Latina, que nos permite compreen- der a ilha caribenha de um modo mais realista e em perspectiva.
Apesar disto, vale mencionar que, certamente, apresenta algumas limitações, boa parte delas deri- vadas da amplitude e complexidade de tal temática ou da dificuldade de uma análise com maior distan- ciamento, que pudesse refletir sobre os equívocos ou limites do processo revolucionário cubano. Neste sentido, seria importante, por exemplo, aprofundar a herança do modelo soviético nas ações e insti- tuições sociais e governamentais e relacionar o debate sobre o processo de atualização do modelo (cubano) com os enormes desafios de reconstrução, na atualidade, do ideário socialista e dos novos pro- jetos emancipatórios diante do capitalismo global.
Além disto, alguns aspectos importantes rela- cionados à sociedade cubana ou a seu processo revolucionário contemporâneo estão ausentes ou mereceriam um tratamento mais aprofundado, como a dinâmica populacional e migratória (inclusive de temáticas associadas, como gênero e relações raciais), a emergência de uma relativa desigualdade e seus efeitos, os desafios atuais das manifesta- ções e movimentos culturais (arte, literatura, dança, música etc.) ou a análise da eficácia de diversas políticas públicas, dentre outros, e na esfera interna- cional um balanço mais aprofundado das relações com China e Rússia (considerando sua dimensão e efeitos) ou com os novos movimentos emancipató- rios que têm emergido ao redor do planeta.
De toda forma, trata-se de uma obra fundamental para compreender a natureza e a dinâmica do pro- cesso revolucionário cubano e, principalmente, sua realidade atual, desenvolvendo um balanço sóbrio e profundo sobre os sessenta anos da Revolução Cubana, permitindo vislumbrar como parte da inte- lectualidade cubana e latino-americana observa e analisa as transformações que o país está viven- ciando e como isso irá incidir sobre o futuro da ilha caribenha e sua relação com a região, contribuindo para a superação das “fronteiras invisíveis” que mar- cam a relação do Brasil com a América Latina e, particularmente, com Cuba.
De Oliveira, F. (2006). Fronteiras invisíveis. In: NOVAES, Adau- to (org.). Oito visões da América Latina. São Paulo: Editora SENAC, pp. 23-47.
Salazar, L. S. (coord.) (2019). Cuba en Revolución: miradas en torno a su sesenta aniversario. Buenos Aires: CLACSO.